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Elas querem mais do que ler, escrever e contar. Elas querem respeito e igualdade.

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Escrito por nstech

Aos 36 anos, Marta Vieira da Silva – a Marta da Seleção Brasileira de futebol – conquistou quase tudo o que queria na vida. Eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo e atuando em times da Europa, Brasil e Estados Unidos, ela só não conseguiu o título mundial – mas esse ainda dá tempo, porque futebol ela tem… e muito.

Nordestina de Dois Riachos, em Alagoas, a hoje bem-sucedida Marta tem uma história de lutas. Em sua trajetória foi obrigada a levantar a voz contra a discriminação e a baixa remuneração das atletas em relação aos homens. Gritou pela atenção das empresas e brigou por patrocínios. Como arma, usou batom de cor forte em jogos importantes e excluiu qualquer referência às marcas comerciais das chuteiras.

Fácil, com certeza não foi. E Marta não é a única mulher a se ver obrigada a lutar por direitos. As disparidades entre homens e mulheres vão além do futebol.

Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que todas as profissões apresentam, em maior ou menor grau, diferenças de remuneração. Na média, o gênero masculino recebe 20% a mais. As estimativas do IBGE apontam que a mudança desse cenário levará mais de meio século.

No ranking global da disparidade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, outro desempenho que em nada nos orgulha: o Brasil ocupa a 92ª posição – entre 153 nações – em relação à desigualdade de salários. Na América Latina e Caribe, estamos na distante 22ª posição. Neste caso, a situação é ainda pior do que parece e o planeta precisará de dois séculos para ter equilíbrio entre os salários de homens e de mulheres.

Luta antiga

A jogadora Marta conseguiu entrar em campo – e não ficou apenas assistindo pela televisão as partidas de futebol masculino – por causa de muitos movimentos em busca de igualdade de direitos. Até sete anos antes do seu nascimento, por exemplo, uma lei de Getúlio Vargas impedia mulheres de jogar futebol profissionalmente no Brasil.

Reflexos de uma cultura e de uma sociedade que colocou as mulheres, na maioria das vezes, em segundo plano. Marta faz parte dessa história. Tanto é que a disparidade salarial entre ela e Neymar foi tema de uma questão do Enem 2020.

A pergunta fazia uma relação direta entre os salários e o valor de cada gol marcado pelos atletas: enquanto Marta ganha o equivalente a US$ 3.900 cada vez que balança a rede, Neymar recebe US$ 290 mil, ou seja, 75 vezes mais.

Assim como a nossa estrela do futebol, há outros exemplos inspiradores da resiliência feminina. Ao longo da história, uma conquista importante em vários países foi o direito ao voto feminino, ainda no século 19, e a possibilidade de cursar medicina.

No Brasil, as mulheres conquistaram o direito de acesso às faculdades em 1879 e puderam ir às urnas em 1932. Em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um documento sobre a igualdade de direitos. Seis anos depois, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tratou da questão da remuneração entre gêneros.

Lei para frequentar o primário

A permissão para que as mulheres brasileiras frequentassem a escola primária foi dada por Dom Pedro I, em 1827. No currículo, a obrigatoriedade das aulas de prenda doméstica (corte, costura e bordado).

A mesma lei que dava acesso às salas de aula também definiu as regras para a presença feminina no mercado de trabalho, autorizando professores e professoras para os concursos públicos de magistério.

A diferença estava nos requisitos: os homens deveriam ter “nota de regularidade de conduta” e as mulheres, “serem de reconhecida honestidade”. Nos registros sobre a aprovação da lei, em seção do Congresso Federal, relatos do que defendeu o então senador Visconde de Cayru, da Bahia: a elas deveria caber apenas a educação para ler, escrever e contar.

O senador Marquês de Maricá (RJ) foi além: “Sou também da opinião que se devem reduzir os estudos das meninas a ler, escrever, contar e aprender gramática portuguesa, porque não sei de que lhes possa servir o aprender a prática de frações, decimais e outras operações que não são usuais. (…) A mulher é um ente mui diverso do homem. O que ela deve saber é o governo doméstico da casa e os serviços a ele inerentes, para que se façam boas mães de família”.

Dia Internacional da Mulher

As primeiras conquistas por direitos femininos remontam à metade do século 19, no histórico movimento de operárias norte-americanas pela redução da carga diária de trabalho. Elas queriam diminuir a jornada de 14 para 10 horas, além do direito à licença-maternidade.

O resultado foi trágico: 139 mortes, mas a revolta fez história, ganhou o mundo, inspirou outras iniciativas e transformou aquele 8 de março de 1857 no Dia Internacional da Mulher: a data oficial em prol da igualdade.

Todas essas passagens históricas são importantes porque dão a exata dimensão da jornada que as mulheres enfrentaram até aqui e porque cada conquista precisa ser valorizada. É certo que ainda há muito a buscar em termos de igualdade, mas indiscutivelmente, os avanços devem ser comemorados.

Mais recentemente, o Brasil viveu outro feito que merece destaque: a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006. Após sofrer violência doméstica e perder os movimentos das pernas, a enfermeira Maria da Penha decidiu lutar por todas as mulheres que passam por situações semelhantes. Sua luta levou a mais uma conquista coletiva: em 2015 foi aprovada a Lei do Feminicídio.

Um mundo de iguais

Mas, afinal, por que as conquistas exigem tamanho sacrifício? Uma boa reflexão para o dia 8 de março, que deve ser reverenciado não apenas pelas mulheres, mas por todos aqueles que buscam o respeito aos seres humanos, defendem a igualdade, vivem em diversidade e desejam um mundo cada vez melhor.

Nesse contexto, é fundamental valorizar as organizações que já entenderam o seu dever de respeito à mulher, direito à maternidade, tempo de qualidade com a família, mas também sabem valorizar as grandes profissionais que têm. É tempo de celebrar a possibilidade de escolhas, a igualdade, as conquistas no ambiente de trabalho, o crescimento na carreira e o respeito ao potencial das mulheres no mundo corporativo.

Na nstech, somos privilegiadas porque temos tudo isso, mas ainda assim nos solidarizamos com as lutas diárias de todas as mulheres. Dói em nós também ver que tantas batalhas precisam ser vencidas, todos os dias, como a falta de respeito e de igualdade social.

Que esse Dia Internacional da Mulher seja um momento de reflexão sobre o futuro que estamos trilhando. E que homens e mulheres possam se unir nesse ideal. Nós não queremos muito. Queremos apenas ser iguais.

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